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Mostrando postagens de junho, 2005

crepúsculo

no envidio la boca de la noche sedienta de besos tampoco los ojos de la luna voyeuse del poniente                                    porque el sol – sin escrúpulos -                                   se acuesta toda la noche                                  en el horizonte de mi cuerpo                                  y se levanta temprano cada mañana                                 de mis entrañas valéria tarelho tradução de lorenzo pelegrin

ínfimo

parecia infinito aquele (c)oito deitado no entanto era um número d e caído valéria tarelho imagem © martin hill

so(m)bra

meu corpo projeta vultos do que fomos: projetos incultos, sobras obscuras, escombros, passado morto... quando te pressinto tão íntimo, que dentro; tão incontido, que transborda, me assombro. também sinto medo quando percebo sua sombra batendo à minha porta e a atendo. valéria tarelho

atônita II

Há uns três anos, um poeta veio dar um pitaco num poema meu (origami). Na hora pensei: quem é esse camarada e quem ele pensa que é? Mas no fundo sabia que ele tinha razão e que as mudanças que ele propunha ao poema eram pertinentes. O fato é que aquele intrometido se tornou um grande amigo, meu parceiro no antigo blog (mar & cia) e, como todo bom virginiano, continua com mania de botar ordem no meu barraco. O poema de ontem, por exemplo: eu olhava para ele e o achava meio estranho, até comentei com outro amigo (Nel Meirelles) que não estava do meu agrado (e recebi nota 6, na escala Nel ;o)). Eis que me vem o pitaqueiro de plantão, Sidnei Olívio, e apresenta uma versão que amei, achei perfeita e me apossei dela. Segue o poema atônita, depois da faxina do Sid: meio tonta tento (um tanto) atônita esquecer aquele caso (quase) bomba atômica [que (ainda ontens) detona: "sem cor nem perfume sem rosa sem nada* ] valéria tarelho sidnei olívio vinícius de morais *n

fatídico

olhos fatícios & cabelos falsos desejo fátuo & beijo fácil : true lies entregues face a face                   [real de fato                    o fascínio                    :                    fatíloquo                    fausto                    fatal] valéria tarelho

quae sera tamen

arraigado em mim há um bicho arredio acuado no tédio urrando liberdade ainda que poesia valéria tarelho ontem, um foto-poemeu foi publicado no blog do Claudio Daniel , Cantar a Pele de Lontra , o que foi motivo de grande satisfação, pois sou fã desse menino: poeta, tradutor e ensaísta, autor dos livros Sutra (1992), Yumê (1999), A Sombra do Leopardo (2001) e que estará lançando, no próximo dia 15 (quarta-feira), a partir das 19hs, na Casa das Rosas (Av. Paulista, 37 - SP), a antologia poética Figuras Metálicas que reúne poemas de seus livros já publicados, mais o inédito Pequenas Aniquilações. Figuras Metálicas sai pela editora Perspectiva, na coleção Signos.

day after

"o sol levantou mais cedo e quis em nossa casa fechada entrar pra ficar" minha fuga do brilho nos olhos é pânico da penumbra que c(h)egará tomorrow "o sol levantou mais cedo e cegou o medo nos olhos de quem foi ver tanta luz" valéria tarelho * trechos da música "o medo de amar é o medo de ser livre" , letra de Beto Guedes e Fernando Brant

polígono

quantos lados tem o nosso caso? quantos ângulos? retos, agudos, obtusos? que figura é essa que formamos, onde cabem inúmeros triângulos absurdos? valéria tarelho poema de hoje e amanhã, no Livro da Tribo . ilustração de Martinês, feita especialmente para a agenda

o~n~d~u~l~a~n~d~o

ando em ondas ando às tontas tanto (desa)mar me circundando ando ilha ando istmo ando intro- "insularando" ando mar~e~sia ando mar~e~ando ando mar~e~moto "maritimando" ando ártica ando índica ando atlântica "oceanando" ando ilhada em mágoa marinando em lágrima "sorando" valéria tarelho da série: vale a pena ler isso de novo? poema do extinto blog mar & cia

azo

lembrando ana cristina cesar (ave) que hoje estaria completando 53 anos o pássaro pousa passivo na pauta do poente pausa em compasso de espera passa tempo tempo passa pensa pondera ousa e abre as asas rumo ao sol no fim do túnel valéria tarelho Tu Queres Sono: Despede-te dos Ruídos Ana Cristina Cesar Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e dos restos do dia, tira da tua boca o punhal e o trânsito, sombras de teus gritos, e roupas, choros, cordas e também as faces que assomam sobre a tua sonora forma de dar, e os outros corpos que se deitam e se pisam, e as moscas que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor (não ouças) que se prepara para carpir tua vigília, e os cantos que esqueceram teus braços e tantos movimentos que perdem teus silêncios, o os ventos altos que não dormem, que te olham da janela e em tua porta penetram como loucos pois nada te abandona nem tu ao sono.

umbigo

umbigo: entremeio obscuro furo entre fenda e seios senda da sua libido vereda em que passeiam língua e dedos orifício que permeia o desejo poço a um passo de meu sexo valéria tarelho publicado no Livro da Tribo 2005 pgs. 170/171 ilustração de José Carlos Martinêz, especialmente para a agenda