M eu amigo tem o colorido da primavera: da alvura do jasmim, ao dourado do trigo , esse amigo é uma aquarela tingindo meu negrume. Tem, também, o perfume que ela encerra: cheiro de mato, de terra, flor se abrindo. Cheiro de chuva que, emane do alto da serra, ou do asfalto, sinto próximo, como viesse de dentro. M eu amigo é incandescente. É chama, verão, sol a pino, avivando minha languidez de sol poente. E quando dos cirros de meus olhos, cristais de gelo se convertem em água - e vertem - ele me invade com a luz da amizade, arrancando de meu cerne um prismático sorriso, que o reflete: amigo é essa ponte iridescente no céu, que denomino: arco-de-deus. M eu amigo, de janeiro a janeiro, é outonal: desprende-se de tudo que o sustenta e deposita-se a meus pés para me servir de húmus, pelo prazer de ver-me, no futuro, verdejar. Farfalha seu bom humor ao vento, certo de meu riso. Mostra preocupação comigo, ao forrar, com a sensatez das folhas secas, o solo de meu âmago. Jun...