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ano novo, ortografia nova

Confesso que ainda tropeço nas novas regras, que torço o nariz para elas, que considero uma mudança que não vai alterar em nada o quadro atual da escrita, que vai piorar a leitura (pausa para a gagueira na hora de decifrar um para, polo, pela...) que já anda mal das pernas.

Confesso que amava o "microondas" a ponto de não viver mais sem ele, adorava dar meus "vôos" solos, soltos [e de chapéu] e sentir a atração que os "pêlos" exerciam sobre mim (ai, aquele "ê" tinha um quê de enlouquecer!).

Suprimir o acento da jiboia até entendo. A feiura, sem aquela cicatriz no u, parece menos feia. Mas a ideia de não ter mais nenhuma "idéia", meu VOLP do céu, é de chorar! Ou rir, fazendo uso do velho - e oficial - kkk.

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E como tudo vira poesia, seguem dois poemas sobre o tema: um meu, outro do Tião Martins, um cara cheio de boas idéias ideias.


imagem © Piccolo Mondo


à luz de velas

a princípio
eram agudas
e abertas
minhas acentuadas
"idéias"

hoje a língua
(tua & minha)
não me dá
a mínima

participo
do conceito
[tísico]
de uma ideia oca
sem chance
de correr
o risco

aquela "idéia"
acesa na boca
tatuada no tímpano

é lâmpada
velha

[valéria tarelho ]


Nova ideia

nasce uma nova ideia
sem acento
talvez fosse
o que faltasse
ou o que sobrasse
para a perfeição
e o perfeito

entendimento.

Sebastião Martins

Comentários

A pro e a paroxítona em perfeita sintonia, a idéia está velha...muito bom!
Guto Leite disse…
Lindos e incisivos, ambos os poemas! Prova mais do que evidente de que não há matéria própria pra o lírico, lição decana! Me rendo e corro para atualizar minhas regras...
Beijo
Mnemosine disse…
tenho uma publicação velha mais ou menos assim. dialogamos, eu em prosa, você poesia.

http://angfont.blogspot.com/2008/09/reforma-ortogrfica.html

um abraço!
Anônimo disse…
Eu, como professora de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental, terei que me adaptar à estas novas regras, mas estou achando praticamente impossível! D: