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siameses

somos os mais íntimos
os mais enigmáticos

mesclamos nossas peles
com a pleura da palavra
somos sílabas singulares
sem sofismas plurais

somos os mais cúmplices
parecemos os mais complexos
possuímos o mesmo álibi

o teu veneno é mel
o meu tanino é céu

meu e teu o suor sob
um sol de meia-noite
teu e meu o soro sobre
o húmus dos insones

só nosso
o endereço do segredo
confinado em um quarto
crescente
[fonte das sedes
foco das fomes
fólio de sucessivas mortes]

e mudos e desnudos
e completos
seguimos rumo
ao cimo do sigilo

pátria dos prazeres
secretos

solo do intraduzível

língua onde nós
nos confundimos


valéria tarelho

Comentários

Anônimo disse…
Vou guardar mais esta jóia, junto das outras suas.