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petrichor

quero amanhãs que me devorem. enjoei de hojes sem teus beijos. coleciono ontens secos. os lábios rachados dos agoras sangram em bicas. o poema chora seu sinal. vermelho. rima que nunca cicatriza. mordo as horas que há bocas nos separam. sepultam os abraços. hojes de urnas contendo cinzas.

quero amanhãs de asfalto, pedágios, velocidade máxima. amanhãs de pressas e apreços. precisão de línguas lambendo fal[h]as e silêncios. a saliva das palavras selando cada sílaba do desejo.

amanhãs tenros para nos comermos. crús. com destempero. destemidos.
à luz dos próximos milhões de sóis.

amanhãs com chuvas que desprendam nosso cheiro pelas ruas das futuras luas. que levarei no ventre.



valéria tarelho

* petrichor: o cheiro da chuva após atingir o solo seco

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