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open your eyes



"nos encontraremos novamente em outra vida, quando formos gatos"
Vanilla Sky

Sim, desafiei desertos, cruzei oceanos, enfrentei a fúria dos ventos, a rebeldia caudalosa - escandalosa - dos rios. A te buscar.

Sim, cometi lindos enganos. Incontáveis erros (inconfessos), que jurei que eram acertos. Ledos equívocos. Até saber-te. Saborear-te. Reconhecer, em ti, o paladar que - há tatos [e tropeços] - eu farejava.

Abri meus olhos no exato encanto em que te reencontrei. Te reavi. Vindo de um lugar que não visito há vidas. Chegando de um paraíso longínquo. Do elo perdido pelos caminhos de um tempo repleto de ecos.

Sim, meu bem, não desisti enquanto não te realizei. Segui os sinais, suei, sangrei, chorei. Só calei quando me achei. Em ti. Em nós. No que possuímos (sem poder). No amor que estamos edificando: forte, de frágil estrutura.

Acontece que todo sonho tem um fim. E o despertar desespera. É 'desespertador'.

A realidade é um calabouço. Solitária. É masmorra que aprisiona o tão sonhado amor. E deixa à solta os monstros que sugam qualquer chance de felicidade.

De nada adiantou cruzar - ofegante - a linha de chegada. Atrasada. Décadas depois que alguém - merecidamente - levou o troféu (que era meu).

Na próxima vida, quando formos gatos, cruzarei telhados miando alto. Todos os tetos serão testados. Todos os intentos, voltados para esse fim: encontrar você a tempo. Atento.

Abra todos os seus sentidos.

valéria tarelho

* imagem: street art em Dublin, com frase do filme Vanilla Sky





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