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Há dunas eras

"Estranho seria se eu não me apaixonasse por você"
[nando reis - all star]


Estranho não é sentir esta vontade inesperada de querer estar em outro plano, outro planeta: aquele onde eu possa ser o colo que você busca quando bate insegurança, ou quando a cabeça pulsa sem dar refresco. Vontade de ser tuas férias. Tuas datas festivas. Ser teu conforto, lazer, alegria. Teu desejo de retorno no tempo.

Estranho não é querer, de uma hora para a outra, te acolher em meu abraço, fazer dele teu abrigo. Ser teu refúgio, teu afago, teu alívio. Teu motivo de vir. De voltar. De não partir. E me armar de forças para espantar teus fantasmas, teus monstros, o temor - invisível - que te causa arrepio. E creio, com mínima margem de erro, que consigo te proteger até do espelho. Teu arqui-inimigo. Pelos poderes do amor que tenho. Espantoso, pouco te sei, mas acredito em tuas falas. Confio no que diz o teu silêncio.

Estranho não é necessitar, assim, do nada, assoprar os arranhões do decorrer do dia.  Limpar tuas chagas, enxugar tuas mágoas, pentear as enxaquecas. Expulsar, de tua vida, tudo que te causa dor. Te curar. Te cuidar, até que todas as angústias amor_teçam. Adormeçam.

Estranho, também, não é este meu olhar de zelo nascido há pouco, mas que gerei por décadas (sim, agora eu sei). Também não é te ver, de repente, com novas lentes e observar, nitidamente, que era você - tu - o vulto de sempre. Presente. Por uma - cega - era.
Estranho, de verdade, não é pronunciar teu nome incontáveis vezes, só para que eu ouça a harmonia contida em duas sílabas. E te sinta, melodia. Teu nome é música em minha poesia. Nem é estranho te manter na boca,  armazenar no peito, te provar sempre que precisar: meu alimento. Oxigênio. Provisão de amor, para que eu viva.

Estranho, mesmo, é perceber, no fim dos tempos, o quanto você houve em mim. O acúmulo que havia. Há. Existe desde muito antes deste meu despertar. Um susto bom. Um bom súbito.  E não era sonho, só que desviamos nossos rumos. Criamos outros mundos. Distanciamos nossas vidas e nos demos adeus. Sem dar. Sem, definitivamente, apagar o outro da história.

É estranho, lindamente estranho: há outonos, (seunomeaqui), que eu te [ch]amo.
E continuo.

Assinado eu, que sou tua. Até o fim.


valéria tarelho
[lelinha]
21.09.15


"não vejo a hora de te reencontrar
e continuar aquela conversa,
que não terminamos ontem, ficou pra hoje.​"​

Comentários

Anônimo disse…
... é primavera.



vVv