lavoisier
a natureza me diz
[em sua mudez]
:
mude
ao modo do vento
à maneira das marés
valse
enlace as manias
das mutantes
nuvens
o instinto fala
[à minha miudez]
que toda hora
tem sua aura
toda espera tra[i]rá o agora
que a natureza até transforma
e este amor
por ti, meu bem
é lei maior
e não se t[r]oca
valéria tarelho
*imagem: página de título do primeiro volume do Traité de Chimie Élémentaire,
por A L Lavoisier
*imagem: página de título do primeiro volume do Traité de Chimie Élémentaire,
por A L Lavoisier
Comentários
em sua natureza,
tudo se cria,
tudo se percebe,
tudo se transforma.
na magia de suas palavras: metamorfose.
há poesia, em cada ponto ou vírgula.
conspiram arranjos em obediência cega,
presas a leis esmagadoras (indiscutíveis)
ditadas (e dosadas) na tirania de seu talento.
v.i.r.a.l.
depois que a tinta escorre, desenhando idéias,
não tem como negar o óbvio,
nem apagar os rastros,
as pistas,
de um íntimo inconsciente,
que talvez não queiramos perceber,
tampouco saber existir,
do que somos um pouco, ou no todo.
Talvez nossa maior verdade (ou nossa maior mentira),
no momento de expor, uns sonhos nem sempre permitidos.
Solidão compartilhada com papel e caneta.
seguir estas pistas, quem arrisca?
do fundo branco, maculado de rabiscos,
o nada se transforma,
e escancara um pouco da alma,
ora bela, ora triste, ora luz, ora, ora, ora... oremos.
espelha e registra em eternidades um pouco, um nada, um tudo de nós,
aos olhos de quem segue os rastros,
pistas falsas?
neste instante, ou em algum tempo sem dimensão... seremos eternos.
nas grafias pinceladas,
guardadas,
admiradas,
abandonadas... (quem pode prever?)
as pistas, do nosso íntimo
que transformam o nada,
quem sabe encante, decepcione, crie elos, afaste, traga ou leve...
e nos versos, arranjados com todo cuidado, que as palavras sejam belas,
janelas dos olhos da poeta,
mas é certo, mantém acesa a luz da alma, do pensamento.
conecta, decifra,
confunde, separa, une,
encanta, canta, prende, teia, sereia.
iral