se a morte
é o mote
mato o cobra
e mostro
o pau [lo]
psicografo
um po[l]ema
meio polaco
meio afro
obra póstuma
que late e morde
como o próprio
cachorro louco
[por quem morro]
valéria tarelho
LÁPIDE 1
epitáfio para o corpo
Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito
são suas obras completas.
LÁPIDE 2
epitáfio para a alma
aqui jaz um artista
mestre em disfarces
viver
com a intensidade da arte
levou-o ao infarte
deus tenha pena
dos seus disfarces
paulo leminski
* imagem 1: desenho de Cesar Marchesini
** imagem 2: Anuncio feito em homenagem a Paulo Leminski, publicado em outubro de 1989 no caderno “Almanaque” do jornal O Estado do Paraná. Vencedor da medalha de ouro do Prêmio Colunistas Publicitários de 1990. Criado e ilustrado por Celso Abreu.
Comentários
Belos poemas escolhidos, assim como o dce próprio punho.
"Acordei bemol/tudo estava sustenido/sol fazia/só não fazia sentido//"Paulo Leminski.
Beijão.
Ricardo Mainieri
Um grande abraço
encantador, valéria.
encantador.
tem algo de zeca baleiro lá no um-sentir :)
beijos!