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couvert

puxe pelos
cabelos
todo verso
que ofereço

encoste as
verdades [nuas]
de costas
contra a parede

jogue no chão
os apelos
unhe o azedume
morda os medos
até que o poema uive

e caia sobre
e venha entre
e chegue junto

depois podemos jantar
civilizadamente


valéria tarelho

Comentários

Anônimo disse…
Putz...
Sem comentários... detonou.
Mais que demais.
Anônimo disse…
Olá Valéria,
gostei muito do poema!!! Talvez o que mais gostei dos três que já vi. Além do título "couvert" que esconde "ouvert", abertura, que no caso do poema é até um pouco irônioc, não sei; há versos muito bem feitos como "até que o poema uive" e "depois podemos jantar civilizadamente". Sensacional!!! Queria dizer que sua poesia tem sido um grande baluarte de resistência pra mim, tão desiludido... Você tem um belo ritmo, boas escolhas lexicais, versos interessantes... Parabéns!!!!
Anônimo disse…
Qualquer hora dessas desisto de fazer poesia por sua causa, já pensei.
Mas depois penso que diante dessas coisas que você compõe, eu me torno mais responsável ainda pelo que faço, e me vejo obrigado a tentar chegar a esse patamar.
Você justifica os meus poemas. Ou as minhas tentativas, inábeis, mas verdadeiras, de chegar à sua poesia. Sempre.
Beijos,
Augusto Cézar C.L.
Anônimo disse…
As imagens do poema brilharam diante dos meus olhos... Lindo. Um abraço.
Anônimo disse…
Bom demais, Val! A imaginação da gente acompanha o poema.
solfirmino disse…
Valéria, gostei muito desse poema. Lembrei de um meu:

Espera
Guia-me pelos seus passos
faz manobras desconexas
desconverse
e se perca
eu vou atrás
eu me entrego sem remorso
em seu abismo
faz de mim seu livro
escreve na minha carne
metáforas livres e loucas

finjo-me de santa
nas idéias confusas e
emudeço os gritos
escolho no dicionário
palavras coerentes
sem lirismo
ou ousadia
mas espero na esquina
o passar do vento
que o traga em desalinho
fio por fio
insano e sedutor
só meu: verso

Solange Firmino