quem sabe
o sábado
seja um dia
líquido
e a solidão
escorra
pelo ralo
no domingo
quem sabe
o sábado
[seco]
seja assim
um absinto
e o domingo
[amargo]
um cão amigo
valéria tarelho
esta é uma obra de fricção
Comentários
a sensação de se estar num labirinto,
isolado e ao mesmo tempo cercado
de rostos tão anônimos de pessoas que parecem próximas,
rostos e sorrisos que não inspiram nem expiram confiança,
tão enigmáticas quanto as letras e expressões congeladas em poses,
em "selfies" que miram alguma inveja em desavisados,
verdades de faces e book's de conteúdo duvidoso,
é a busca dramática de mão amiga,
quem sabe um olhar, um oi, um abraço,
de uma verdadeira amizade.
tão rara e tão esperada,
e que só traduz saudades,
que a alma sabe que precisa,
os olhos suplicam contemplar,
o coração implora presença,
e o sonho (este bobo incorrigível) teima sempre em alimentar
o que talvez nunca existiu.
H.
H
v.v
Henrique?
Hugo?