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Mostrando postagens de agosto, 2005
não sei o que existe entre nossas bocas que quando sede não cessa e quando fome não sacia [por mais que eu o tome por muito que ele me prove] não sei o que hesita entre nossas bocas - aflitas - que nos engole e em seguida regurgita valéria tarelho

a teus pés

aos domingos sinto vontade de jogar ócio para o alto e assistir caindo - veloz via remoto [des]controle - até tocar o solo [ouço até o baque seco do contato com o asfalto vibro ao sangue da não vida se esvaindo] neste domingo foi diferente: tive sede gana de deixar tudo aí no limbo tv no lodo net e simplesmente saltar - saturado satélite - do último andar de um livro de ana c. [livre assim como ela: ave] valéria tarelho MOCIDADE INDEPENDENTE Pela primeira vez infringi a regra de ouro e voei pra cima sem medir mais as conseqüências. Por que recusamos ser proféticas? E que dialeto é esse para a pequena audiência de serão? Voei pra cima: é agora, coração, no carro em fogo pelos ares, sem uma graça atravessando o Estado de São Paulo, de madrugada, por você, e furiosa: é agora, nesta contramão. Ana Cristina Cesar

em extinção

algo que voa - alguma voragem - debate-se à toa entre quartos de lua algo de asas - amor(cego) visagem - ecoa & recua : sem vez voz tênue chance alguma algo de pluma teima treme extenua valéria tarelho

child

seus olhos [ greens ] em mim [mil olh ares] : jades two dr ops [faz-de-]contas h eras co[o]lares seus verdes e yes [ easy g ames ] : íris-oásis ímãs rimas talismãs seu olh ar [ luck & lo ok ] por mim [ over and o ver ] : clovers [al]gemas bolas de gude balas de menta playground verdades grades valéria tarelho para o guto, um menino lindo, que tem a esperança no olhar (thanks, g, for being my friend)

vínculo

casamento - a rigor - é terno não esquento com a etiqueta e - a seco - passo bem valéria tarelho

couvert

puxe pelos cabelos todo verso que ofereço encoste as verdades [nuas] de costas contra a parede jogue no chão os apelos unhe o azedume morda os medos até que o poema uive e caia sobre e venha entre e chegue junto depois podemos jantar civilizadamente valéria tarelho

love and let die

dificilmente você vai me ouvir falar de amor [aquele que dá certo e no final das quantas dá exato sem restos] nos meus versos você vai ver sangue d e r r a m a d o que é resultado de amor aos pedaços amor que partiu amor dilacerado falo de morte premeditada amor que apunhala envenena o outro que rapta tortura e mata falo muito de aborto de amor natimorto ou, se viveu matou-me aos poucos valéria tarelho versão ilustrada, aqui

luxúria

coisa de pupila que dilata ao vê-lo: pele pêlo poro corpo gosto cheiro som de mete_ oro tonteio tanto quanto dedos dele tateiam tentam tocam [traquejo] fervo & aguo no entre_ meio é coisa de papila y me gusta lambê-lo valéria tarelho

te amo (acho)

eu te amo torto errado do avesso te amo acelerado a mais de cem na contramão amo-te porque és contravenção eu te amo do meu jeito imperfeito : te amo sim te amo não te amo sei lá como e por que não? eu te amo por vício ócio tédio tentação e te amo por preguiça porque não tem remédio e o perigo me atiça eu te amo por tabela pelas beiras nas quebradas ribanceiras juro que te amo por puro ataque de bobeira e por qualquer bagatela eu te amo anti-horário em outro fuso fora de orbe te amo desnorteada sem rumo entregue à sorte de amar-te fora do prumo (devolve o Norte da minha bússola!) eu te amo vassala gueixa escrava te amo sem queixas sem mágoas sem receber minha paga em amor (quer saber? eu te amo mesmo é prestando um favor!) eu te amo no outono, os ramos secos no inverno, o gelo na primavera, os espinhos no verão... ah! no verão não te amo não : você é liquefacto e te amo pedra no meu sapato eu te amo másculo rato inseto

if

eu te amo pouco e mundo eu te amo segundo e há tempos amo sim e sem-razão sensatamente amo não amo senão quando quem sabe um dia então eis que de modo algum eu te amo entretanto amo: toda via tal vez por tanto com tudo e tão [só mente se] valéria tarelho

carinho de fã

Por Anna Paula: Procurando na internet poesias que me tocassem a alma, encontrei “Mimetismo (ou quase)”, de Valéria Tarelho. O que senti quando li foi um misto de fascínio e tristeza... não sei. Talvez por ela estar contando a minha vida em suas palavras! Hoje, posso homenagear aquela que tanto me encantou em seus versos... Valéria representa os quatro elementos essenciais (Fogo, terra, água, ar). Enfim... uma Mulher! Gostaria de compartilhar com vocês seus poemas e espero que gostem! “Aqui, as noites têm sido quentes. As tardes, tórridas, sem vento. Ausente de movimento, também a vida. Estática. Visivelmente pragmática. Previsível. Aí, não sei como anda o tempo. Você nunca me diz se chove ou faz calor intenso, se está propenso a raios ou chuva de granizo. Então invento um tempo de equilíbrio, adequando meu mundo ardente a tudo o que não compreendo. Porque não sei, do vento, as causas. Porque, das asas, só conheço o efeito de não tê-las. Crio, acolá, um clima cálid