eu sou aquela que não me acho e você acha o máximo. sou aquela que escreve para matar o tempo. que se escraviza para morrer em sílabas. e você, vida, vibra a cada investida. rasteja por um ataque suicida.
eu não era assim, tão árida. e não sei quando mudei. muito menos onde, doce, encruei. nada trouxe na sacola de memórias. vim só. oca. cheguei sem so[m]bra. transmutei-me em pó antes do fim.
desconheço o endereço do sorriso sem motivo. nem imagino a caixa postal das respostas tolas às perguntas idiotas. eu não moro mais no apê em mim. parti. estou partida. tão caco, que não caibo em mosaico algum.
todos os porquês ainda estão aqui e ali, no meio de minha bagunça, perdidos em um silêncio que faz eco. dúvidas ocultas em um pensamento cego. há interrogações intactas sob os escombros. e um retrato sem rosto. a três por quatro.
encontraram um corpo. fragmentos distribuídos em cômodos.
sou eu. dizem as línguas vizinhas.
reconheceram pelo modo ímpar de não causar mínimo espanto.
sequer cosquinhas.
valéria tarelho
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anônimo
beijão.
Ricardo Mainieri