peço perdão pelas vezes que falei mal de você, mas, convenhamos, você nunca foi muito maleável comigo; geralmente seco, grosseiro, não atendia meus desejos, se eriçava ao mínimo clima. paciência tem limite e a minha durou anos convivendo com suas manias! confesse, ao menos na hora da partida, que você tinha vontade própria! o pouco que eu conseguia era a custa de sacrifícios, quase torturas. e xinguei, sim! xinguei mesmo até a sua quinta geração, roguei praga, perdi a conta de quantas vezes me descabelei por sua causa! mas agora que você vai, tudo se torna tão pequeno. todo o trabalho, as horas que levantei mais cedo para cuidar de você, mesmo as rusgas ou as brigas mais sérias em que só o via porque era inevitável, mesmo o seu lado bandido [armado ou preso], vai deixar saudade! e não cabe a mim impedir que você se vá. por mais que eu queira que fique, chegou a hora de encarar nossa separação. espero poder viver sem você, e contornar a sua falta da melhor maneira possível.